sexta-feira, 20 de março de 2009

O coração do guerreiro.

Quando crianças crescemos com os contos de grandes heróis que sabemos não existir, que conhecemos, não por suas fraquezas, mas pela ausência delas. São homens que não tem nada de humano, e talvez justamente por isso nos tornamos admiradores desses heróis que tão distantes estão de nossa realidade mortal, pois o mortal sempre deseja o que não lhe pertence. E assim passamos nossa infância cultivando esses sonhos que, sabemos bem, nunca projetar-se-ão numa realidade. A data em questão que traz à minha lembrança a presença desses heróis é o cinqüentenário da revolução cubana, que levou um povo a um status de liberdade nunca antes esperado. A data já tem uma força que por si só se explica, mas o herói que me serviu como mote para esse artigo chama-se: Ernesto Guevara, o Che. Esse por seu aspecto tão humano que como humano morreu, me fez admirar esses heróis que tem como características suas própria fragilidade, mas que não deixam de ser tão heróis. A vida me levou a conhecer um desses heróis ainda vivo: Sub tenente PM Nilsé.
Quero acreditar que cresci, quero não me enxergar mais como um menino, apesar de ter alma como um. Perceber que não sou mais criança e que os heróis que agora me cercam sofrem, choram, tem dores que eu mesmo não sei se suportaria, faz de mim um homem feliz, um homem que ainda crê em heróis, não apenas porque seja melhor crer assim, mas porque eles realmente existem. A dor pode fazer um homem melhor, pode transformá-lo num ser rancoroso, pode retirá-lo do seu posto de herói, como também dignificá-lo ainda mais. Essa superação da dor física, essa mitigação do corpo em prol do aprimoramento da alma, é próprio desses heróis modernos, desses heróis que nos povoam, fazem com tenhamos algo de heróico, pois precisamos estar prontos para o trabalho de recuperação desses heróis, como agora se faz necessário com esse herói urbano e tão humano chamado Sub tenente Nilsé, um homem que uma vida simples, mesmo ele não percebendo que os heróis nada tem de simples, são heróis e como heróis devem viver, pois como heróis serão lembrados. Alguns podem se perguntar por qual razão compararia este Sub tenente PM Nilsé ao conhecido como Che, e eu digo-lhes que razões não me faltariam para tal intento, mas o que de mais visível e latente nos dois, mesmo um sendo militar e o outro guerrilheiro, é sua obstinação, sua crença na vitória, sua esperança de levar a tropa pelo melhor caminho, seu desejo de fazer o bem sem precisar plantar mágoas pelo caminho, e traduzindo o trabalho dos dois, posso me utilizar, com toda licença poética, da frase do guerrilheiro: “ Hay que endurecer, sem jamás perder la ternura.” E se posso usar da empatia que é própria dos servos, sei que este herói moderno deve saber o peso que há em uma expressão somente sua: “só presta puto”.
Esses nossos heróis modernos, são tão humanos que sofrem, são tão humanos que não tem tempo a perder, são tão humanos que conosco compartilham suas dores como também suas alegrias, esses heróis humanos são tão heróis e não menos humanos.Passados 50 anos da revolução cubana, podem me permitir continuar acreditando em heróis, posso sabê-los tão humanos, posso estar dividindo, orgulhosamente, o mesmo espaço territorial com um desses heróis, e posso sentir sua dor e ajudá-lo a vencê-la como se, juntos, fôssemos para uma guerra e dela saíssemos vencedores, pois estarei do lado de um herói e me ensinaram, desde de criança, que os heróis, humanos ou não, nunca morrem. Passados 50 anos de revolução cubana, continuo sendo admirador desses heróis e de suas ideologias, continuo conhecendo-os tão humanos, mas não menos heróis. Que 50 anos mais se passem, que histórias continuem sendo escritas, mas que esses heróis que muito tem de humano, sobrevivam e saibam que não há mal incurável nem dor que dure para sempre, pois o sempre nem mesmo exist

Um comentário:

  1. Eu sou suspeita para falar porque faço parte do grupo que acredita nisso. Você certament fará a diferença na história,seja por sua autenticidade, seja por sua convicção e luta "armada" de inteligencia. Beijo meu querido! Sou sua admiradora!

    Maria Sanches

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